Conteúdo principal

De Lisboa a Israel: mais do que uma hora de distância

O relógio batia as 12h00* de segunda-feira, 9 de outubro, quando um avião C-130H da Esquadra 501 - "Bisontes" abandonava a pista da Base Aérea N.º 6, no Montijo, rumo a uma missão sob o olhar atento do país. 

No interior, oito militares - sete homens e uma mulher - carregavam nos ombros a responsabilidade de resgatar vidas de um cenário de insegurança.

O primeiro destino seria Lárnaca, no Chipre, onde aguardaram que se reunissem todas as condições para voar até Telavive, em Israel. E assim foi. Às 21h15, o trem do C-130H tocava em solo cipriota para, apenas duas horas depois, iniciarem a primeira operação de retirada de cidadãos de Israel, fazendo-os regressar a porto seguro.

Numa viagem relâmpago realizada pela madrugada dentro que durou mais de cinco horas, o C-130H era a expressão de alívio para os que sentiram a vida ameaçada e junto da tripulação da Força Aérea encontraram as cores de uma bandeira de esperança.

A promessa de retirar todos quantos queriam sair de Israel não dava por concluída a missão. Era necessário fazer do C-130H a ponte aérea entre os dois países; entre o obscuro e a vida. E assim, no dia seguinte, mais duas missões de repatriamento estavam reservadas. A tripulação da Esquadra 501 descolava de Lárnaca pelas 20h30 com o rumo apontado para uma hora de voo até Telavive. Em duas horas, o C-130H estava pronto para abandonar solo israelita, regressando ao Chipre pela uma da manhã de 11 de outubro. Mas ainda não era tempo de descanso. Os oito militares da Força Aérea, 1h20 depois, voltavam aos céus para a terceira missão de repatriamento. 

Numa nova operação pela madrugada dentro, às 3h15 ecoou nos céus de Telavive o característico som do já habituado a estas andanças C-130H. Renascia a esperança em mais corações, que deixavam Israel para trás às 5h50. Estava cumprida a terceira e derradeira missão de repatriamento.

Entre aqueles três voos, a bordo do C-130H, junto da tripulação da Força Aérea, 180 pessoas recuperaram o fôlego da vida. 

Já no Chipre, e depois da maioria dos repatriados terem viajado para Portugal em avião civil, 22 restantes - nacionais e estrangeiros - regressaram a Lisboa a bordo do C-130H que aterrou no Aeródromo de Trânsito N.º 1, na Portela, pelas 7h00 de quinta-feira, 12 de outubro.

Chegava ao fim quatro dias de uma heróica missão de repatriamento nas asas dos Bisontes. Era hora de descanso para a tripulação da Força Aérea que regressava a casa com o sentimento de dever cumprido em mais uma missão "onde necessário, quando necessário".

 

*todas as horas são com referência a Lisboa